Na primeira fala após os protestos, presidenta diz estar aberta ao diálogo e pede apoio para ajuste
Rio - Um dia após as manifestações em várias
partes do país contra o governo, a presidenta Dilma Rousseff disse que a
corrupção é uma “senhora bastante idosa”. A declaração, dada a
jornalistas logo depois da solenidade de sanção do Código de Processo
Civil, foi uma resposta ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Pela manhã, o deputado afirmou, em evento em São Paulo, “que a
corrupção não está no Legislativo, está no Executivo”. A presidenta
também mandou um recado: está aberta ao diálogo. “Vamos brigar depois”,
disse ela, ao pedir apoio para os ajustes fiscais.
“A corrupção não nasceu hoje. Ela é uma senhora
bastante idosa neste país e não poupa ninguém. Ela pode estar em
qualquer área, inclusive no setor privado”, afirmou ela. No mesmo
momento que o conversava com jornalistas, o Ministério Público Federal
denunciava 27 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de
quadrilha. Entre elas, está o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Depois dos protestos, Dilma afirma estar disposta ao “diálogo humilde” com todos os setores da sociedade
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Mais uma vez, Dilma disse que são
democráticos os atos que levam as pessoas às ruas e que isso deve visto
como conquistas importantes.“Ontem (domingo), quando vi como ocorreu na
sexta, centenas de milhares de cidadãos se manifestando nas ruas, não
pude deixar de pensar e tenho certeza que muitos concordam comigo: valeu
a pena lutar pela liberdade, pela democracia. Esse país está mais forte
do que nunca”, afirmou ela.
Ao falar sobre os ajustes feitos para
diminuir os impactos da crise internacional, a presidenta afirmou que o
governo fez o que podia. Ela evitou mea-culpa, mas admitiu que podem
ter ocorrido erros na política econômica no primeiro mandato. Dilma
disse, ainda, que as medidas adotadas tinham como foco diminuir os
impactos sobre a população.
“É possível que a gente possa ter até cometido
algum. Agora, qual foi o erro de dosagem que nós cometemos? Nós
gostaríamos muito que houvesse uma melhoria econômica de emprego e de
renda. Tem gente que acha que a gente devia ter deixado algumas empresas
quebrarem e muitos trabalhadores se desempregarem. (...) Podem falar o
seguinte: então era melhor deixar quebrar, deixar quebrar? Eu não
acredito nisso.”
Dilma também falou sobre um dos dos pleitos da
oposição —a falta de diálogo — e negou que tenha se afastado do PMDB,
partido do seu vice.“Se alguém achar que eu não fui humilde em algum
diálogo, me diz em qual, que aí tomo providências. Me diz onde e aí vou
avaliar. Estamos dispostos a dialogar com quem quer que seja, com
atitude de humildade, querendo escutar”, afirmou.
Presidenta admite erro no Fies
Em tom de brincadeira, Dilma Rousseff disse aos
jornalistas que iria admitir um erro do governo: que foi deixar as
matrículas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) sob
responsabilidade das faculdades particulares. O clima descontraído
ocorreu porque, minutos antes, a presidenta reclamou que a imprensa
cobrava dela uma “situação confessional”, como se ela tivesse que
admitir erros.
“Nós não fizemos isso com o Prouni (Programa
Universidade para Todos ), não fazemos isso com o Enem , não fazemos
isso com ninguém. (...) Isso não é culpa do setor privado. Quem
controlava as matrículas era o setor privado. Este é um erro que nós
cometemos, detectamos, voltamos atrás e estamos ajustando o programa”,
afirmou ela.
NAS MÃOS DO CONGRESSO
Apesar de parte dos manifestantes pedir, no
domingo, o impeachment da presidenta, a saída do poder de um chefe do
Executivo não depende apenas do clamor popular. “Achar que o governo vai
mal economicamente é uma coisa. Não se pode confundir isso com a
conduta da presidenta, que, até o momento, não praticou nenhum crime de
responsabilidade”, explicou o professor Gustavo Sampaio, chefe do
Departamento de Direito Público da UFF. Para dar início ao processo, é
necessário que pelo menos dois terços dos deputados federais aprovem o
pedido. Se isso ocorrer, a denúncia vai para o Senado, que fará o
julgamento. Para que ela seja retirada do cargo, dois terços dos
senadores têm que votar a favor do impeachment. Quem assume, então, é
seu vice, Michel Temer. Se houver algum impedimento contra ele até a
primeira metade do mandato, o presidente da Câmara fica no cargo, mas
novas eleições são feitas em 90 dias. Se for na segunda metade do
mandato, o novo presidente é escolhido por deputados e senadores.
Vice defende ajuste
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) participou de um almoço com empresários da Federação das Indústrias do Rio (FIRJAN) e falou com a imprensa sobre a conversa que teve com a presidenta Dilma Rousseff ontem pela manhã. “Falamos sobre o que o governo deve fazer para atender ao clamor das ruas. Em junho de 2013, o governo se reuniu e tomou uma série de providências. Agora, elas se impõem novamente e passam pelo chamado ajuste econômico”, disse. Temer negou ainda que o governo esteja subestimando seu poder de promover melhor diálogo com o Legislativo, presidido nas duas Casas por seus correligionários Eduardo Cunha, da Câmara, e Renan Calheiros, do Senado.http://odia.ig.com.br/noticia/brasil/2015-03-17/corrupcao-e-uma-senhora-bastante-idosa-afirma-dilma.html
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) participou de um almoço com empresários da Federação das Indústrias do Rio (FIRJAN) e falou com a imprensa sobre a conversa que teve com a presidenta Dilma Rousseff ontem pela manhã. “Falamos sobre o que o governo deve fazer para atender ao clamor das ruas. Em junho de 2013, o governo se reuniu e tomou uma série de providências. Agora, elas se impõem novamente e passam pelo chamado ajuste econômico”, disse. Temer negou ainda que o governo esteja subestimando seu poder de promover melhor diálogo com o Legislativo, presidido nas duas Casas por seus correligionários Eduardo Cunha, da Câmara, e Renan Calheiros, do Senado.http://odia.ig.com.br/noticia/brasil/2015-03-17/corrupcao-e-uma-senhora-bastante-idosa-afirma-dilma.html