O cientista político Francisco Fonseca afirma
que trabalhadores devem fazer o contraponto às manifestações da direita,
que quer 'golpear a democracia' com a história de derrubar Dilma
por Redação RBA
publicado
12/03/2015 12:28,
última modificação
12/03/2015 13:01
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CUT/Arquivo
São Paulo – O professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca, em entrevista à Rádio Brasil Atual,
considera importante o ato nacional organizado pelas centrais sindicais
e movimentos sociais, marcado para amanhã (13), em defesa dos direitos
dos trabalhadores, Petrobras, democracia e reforma política. Para ele, o
ato significa um contraponto ao movimento da direita que quer
golpear a democracia e convoca mobilização para domingo (15). O
cientista político afirma ainda que a classe média que
protagonizou o "panelaço" no último domingo (8) não suporta a ideia de
igualdade. "Estas classes médias não aceitam a ideia uma sociedade mais
justa, mais igualitária", diz.
"Isso torna o debate político claramente marcado entre um
grupo que quer democracia e direitos e outro que quer autoritarismo e
privilégios. Me parece fundamental que os trabalhadores e os movimentos
populares se mobilizem em defesa de direitos, do desenvolvimento
econômico e social, do patrimônio público, e em defesa da democracia",
afirma Fonseca.
Em sua opinião, o termo "panelaço" para definir o que a classe média brasileira fez, é errado, e comenta a disputa simbólica em torno do termo: "É
uma expressão popular, que tem a ver com a ausência de condições de
sobrevivência. A panela vazia é este exemplo. Quem mora no Morumbi,
Perdizes, Campo Belo, para dar alguns exemplos de São Paulo, não está
com problema de panela vazia". O professor destaca ainda que o protesto
não foi uma mobilização de rua e ficou restrito às varandas de
apartamentos de áreas nobres.
A manifestação de domingo, da direita, pela análise
do cientista político está sendo fortemente amplificada pela mídia.
"Estão jogando lenha na fogueira", diz Fonseca. O professor contesta a
capacidade de mobilização de tais segmentos das classes médias, diz que,
ainda assim, o movimento é legítimo, "mas o inaceitável é querer quebrar a democracia".
Para o professor, está-se tentando fazer no Brasil uma espécie
de polarização ao estilo da Venezuela, mas ele lembra que, no país
vizinho, houve mudanças sociais e constitucionais significativas,
diferentemente do que acontece por aqui. "É muitíssimo diferente
do Brasil, em que os governos Lula e Dilma são governos de conciliação,
de pacto político entre classes", afirma, cobrando a oposição. "Tem que ter projetos, propostas, críticas e alternativas, e não apoiar processos de impeachment e golpistas."
Ouça a entrevista completa da Rádio Brasil Atual:
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2015/03/ato-centrais-democracia-contraponto-manifestacoes-golpistas-diz-professor-da-fgv-1093.html