BARRA MANSA
A possibilidade de um reajuste na tarifa de transporte público em
Barra Mansa tem sido motivo de discussão entre o Governo Municipal e o
Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SindPass). O
presidente da entidade que representa as empresas de ônibus da região,
Paulo Afonso de Paiva Arantes, apresentou proposta de aumento nos preços
da passagem para R$ 3,30, a partir da próxima segunda-feira, dia 1º.
Atualmente, a tarifa é de R$ 2,80. O prefeito Jonas Marins, no entanto,
descarta o reajuste.
Em entrevista ao jornal A VOZ DA CIDADE, Paulo
Afonso defendeu a necessidade do aumento. “As empresas estão em uma
situação complicada, pois estamos sendo cobrados em vários aspectos. O
serviço de transporte passa pelo multinacional, que tem que ter uma
contra partida. Nós somos dependentes dos pneus, do óleo diesel, da
energia, e todos estes itens tiveram alta de preços”, disse o presidente
do SindPass, lembrando que o maior peso na composição tarifária é o
salário dos funcionários, que também está sendo reajustado. “São cerca
de 80 ônibus com aproximadamente 400 pessoas trabalhando, que vivem
direta e indiretamente deste serviço. Então, para manter o serviço em
condições, tendo como volume mais de um milhão de passageiros
transportados por mês, precisamos do reajuste”, explicou.
Paulo informou ainda que, durante reunião marcada justamente para
tratar do assunto, o prefeito demonstrou uma ‘irresponsabilidade’ sobre a
questão. “Saímos da reunião pior do que entramos, sem nenhuma
orientação sobre o que vai ser feito. Estamos na porta do décimo
terceiro salário. Quando a gente vai ao banco para buscar o dinheiro que
nós não temos para pagar a bonificação, nós temos que ter elementos e
recursos que nos possibilitem fazer o pagamento e sem o reajuste, fica
inviável. Em junho, o salário do motorista subiu 10%. Hoje, uma parte do
décimo terceiro salário deve ser paga para a categoria. Também não
podemos chegar na Petrobrás e dizer: ‘Mandem o óleo que depois nós
pagamos’”, ironizou, demonstrando preocupação, inclusive com o grande
sistema de gratuidade.
Licitação
O sistema de licitação das empresas de ônibus anunciado pelo governo
municipal é outro motivo que tem gerado conflito entre as partes.
“Trocar o nome da empresa não é a solução para o transporte de Barra
Mansa, mas sim o ajuste na questão da viabilidade do transito, criando
um sistema de melhoria dos corredores e aperfeiçoando as condições de
mobilidade urbana”, enfatizou acrescentando que, apesar de se tratar de
uma cidade antiga, muita coisa pode ser feita.
Durante a entrevista, Paulo Afonso elogiou a implantação de faixas
exclusivas para os ônibus na Avenida Joaquim Leite. “Estendendo o
projeto daria uma velocidade ainda maior, servindo como atrativo para os
usuários. O individuo utiliza o automóvel pela rapidez. A preferência
tem sido dada sempre para o automóvel. E cada vez que o ônibus é
atingido vai criando condição para um transporte mais desequilibrado com
relação à necessidade da população”, criticou o presidente, ressaltando
que a licitação imposta pelo prefeito ‘não vai conseguir milagres’.
“Evidentemente que se for feito esse processo licitatório, as empresas
que estão aqui há 50 anos irão tentar se manter. Mas se elas forem muito
atingidas por esse represamento de tarifas, talvez nem consigam
participar do processo. Se vier uma empresa considerada a melhor do
Brasil, será que nas ruas de Barra Mansa ela faria um bom serviço?”,
questionou.
Segundo Paulo Afonso, uma nova reunião será agendada com o prefeito Jonas Marins objetivando um consenso.
Qualidade da infraestrutura rodoviária e melhorias no trânsito
Sobre a qualidade dos coletivos, Paulo Afonso disse que o serviço é
de cada empresa, mas que a renovação de frotas tem sido boa. No entanto,
como cita o presidente da entidade, é preciso que, associado a isso, as
ruas estejam em condições dignas para a circulação dos veículos.
Durante a entrevista, Paulo disse também da necessidade de ‘mudar a
cultura’ que fortalece a indústria automobilística. “O governo dá muito
ênfase a isso, estimulando a compra de automóveis, onde o espaço não
supre a demanda. Mas carro deveria servir para passeio. No entanto, se
os meios de transportes públicos não atenderem as necessidades dos
usuários, obviamente, eles vão preferir utilizar os veículos
particulares no dia a dia, prejudicando ainda mais o fluxo. A melhor
forma de resgatar o passageiro é dando velocidade, através de via
expressa preferencial para os ônibus”, disse o presidente do SindPass,
enaltecendo a importância da entrada das mulheres no mercado dos
motoristas de ônibus.
Réplica do prefeito
A equipe do A VOZ DA CIDADE ouviu o prefeito Jonas
Marins (PCdoB) que discordou de todas as afirmações de Paulo Afonso.
Para o prefeito, o aumento sugerido pelo SindPass é ‘injusto’ e
‘abusivo’. “Por mim, não seria dado aumento nenhum. Porém, por força de
lei, tem que haver um reajuste anual, mas com critérios”, disse Jonas
informando que existe o Conselho de Transporte que estuda a planilha e o
próprio órgão reprovou o aumento. “As passagens em Barra Mansa nunca
serão cobradas R$ 3,30. Hoje, reafirmo que não estou propenso a dar
aumento nenhum. Estudo, no máximo, o reajuste da inflação”, advertiu. “E
mais, o óleo subiu 6%, mas ele quer um aumento de 14%. É inviável.
Temos que buscar um meio termo”, acrescentou.
Sobre a licitação, o chefe do executivo foi taxativo: “Não é só
licitar. É mostrar um novo modelo de transporte público e as empresas
têm que se preparar para esta licitação, até porque, além da ordem
judicial, é um compromisso de campanha. Vou fazer o que o povo quer que
seja feito”, explicou, dando exemplos de projetos que devem ser
implantados no município para melhor viabilidade como o software
Cittamob, que avisa sobre a localização dos coletivos – a exemplo do que
foi implantado em Volta Redonda – e a readequação do Pátio de Manobras.
“A gente reconhece a dificuldade de nossos transportes não atenderem à
população no tempo hábil, mas temos estudado medidas para a melhoria.
Trabalhamos, inclusive, com micro-ônibus para atender áreas de difícil
acesso”.
O prefeito destacou ainda que Barra Mansa teve o menor índice de
aumento de passagens, no seu governo e, que vai conferir
minuciosamente, os aumentos citados pelo presidente do SindPass. “Eles
só me apresentam as despesas, mas o faturamento eu desconheço”,
criticou. http://avozdacidade.com/site/noticias/economia/38132/
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