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Reajuste na passagem de ônibus cria embate no município

Presidente do SindPass sugere reajuste para R$ 3,30 e prefeito Jonas descarta a possibilidade; Projeto de licitação também é motivo de conflito
MOBILIDADE URBANA
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FOTO: FELIPE RODRIGUES
Fotografada por FELIPE RODRIGUES
Presidente do SindPass apresentou proposta de aumento nos preços da passagem para R$ 3,30

BARRA MANSA
A possibilidade de um reajuste na tarifa de transporte público em Barra Mansa tem sido motivo de discussão entre o Governo Municipal e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SindPass). O presidente da entidade que representa as empresas de ônibus da região, Paulo Afonso de Paiva Arantes, apresentou proposta de aumento nos preços da passagem para R$ 3,30, a partir da próxima segunda-feira, dia 1º. Atualmente, a tarifa é de R$ 2,80.  O prefeito Jonas Marins, no entanto, descarta o reajuste.
Em entrevista ao jornal A VOZ DA CIDADE, Paulo Afonso defendeu a necessidade do aumento. “As empresas estão em uma situação complicada, pois estamos sendo cobrados em vários aspectos. O serviço de transporte passa pelo multinacional, que tem que ter uma contra partida. Nós somos dependentes dos pneus, do óleo diesel, da energia, e todos estes itens tiveram alta de preços”, disse o presidente do SindPass, lembrando que  o maior peso na composição tarifária é o salário dos funcionários, que também está sendo reajustado. “São cerca de 80 ônibus com aproximadamente 400 pessoas trabalhando, que vivem direta e indiretamente deste serviço. Então, para manter o serviço em condições, tendo como volume mais de um milhão de passageiros transportados por mês, precisamos do reajuste”, explicou.
Paulo informou ainda que, durante reunião marcada justamente para tratar do assunto, o prefeito demonstrou uma ‘irresponsabilidade’ sobre a questão. “Saímos da reunião pior do que entramos, sem nenhuma orientação sobre o que vai ser feito. Estamos na porta do décimo terceiro salário. Quando a gente vai ao banco para buscar o dinheiro que nós não temos para pagar a bonificação, nós temos que ter elementos e recursos que nos possibilitem fazer o pagamento e sem o reajuste, fica inviável. Em junho, o salário do motorista subiu 10%. Hoje, uma parte do décimo terceiro salário deve ser paga para a categoria. Também não podemos chegar na Petrobrás e dizer: ‘Mandem o óleo que depois nós pagamos’”, ironizou, demonstrando preocupação, inclusive com o grande sistema de gratuidade.
Licitação
O sistema de licitação das empresas de ônibus anunciado pelo governo municipal é outro motivo que tem gerado conflito entre as partes. “Trocar o nome da empresa não é a solução para o transporte de Barra Mansa, mas sim o ajuste na questão da viabilidade do transito, criando um sistema de melhoria dos corredores e aperfeiçoando as condições de mobilidade urbana”, enfatizou acrescentando que, apesar de se tratar de uma cidade antiga, muita coisa pode ser feita.
Durante a entrevista, Paulo Afonso elogiou a implantação de faixas exclusivas para os ônibus na Avenida Joaquim Leite. “Estendendo o projeto daria uma velocidade ainda maior, servindo como atrativo para os usuários. O individuo utiliza o automóvel pela rapidez. A preferência tem sido dada sempre para o automóvel. E cada vez que o ônibus é atingido vai criando condição para um transporte mais desequilibrado com relação à necessidade da população”, criticou o presidente, ressaltando que a licitação imposta pelo prefeito ‘não vai conseguir milagres’. “Evidentemente que se for feito esse processo licitatório, as empresas que estão aqui há 50 anos irão tentar se manter. Mas se elas forem muito atingidas por esse represamento de tarifas, talvez nem consigam participar do processo. Se vier uma empresa considerada a melhor do Brasil, será que nas ruas de  Barra Mansa ela faria um bom serviço?”, questionou.
Segundo Paulo Afonso, uma nova reunião será agendada com o prefeito Jonas Marins objetivando um consenso.
Qualidade da infraestrutura rodoviária e melhorias no trânsito
Sobre a qualidade dos coletivos, Paulo Afonso disse que o serviço é de cada empresa, mas que a renovação de frotas tem sido boa. No entanto, como cita o presidente da entidade, é preciso que, associado a isso, as ruas estejam em condições dignas para a circulação dos veículos.
Durante a entrevista, Paulo disse também da necessidade de ‘mudar a cultura’ que fortalece a indústria automobilística. “O governo dá muito ênfase a isso, estimulando a compra de automóveis, onde o espaço não supre a demanda. Mas carro deveria servir para passeio. No entanto, se os meios de transportes públicos não atenderem as necessidades dos usuários, obviamente, eles vão preferir utilizar os veículos particulares no dia a dia, prejudicando ainda mais o fluxo. A melhor forma de resgatar o passageiro é dando velocidade, através de via expressa preferencial para os ônibus”, disse o presidente do SindPass, enaltecendo a importância da entrada das mulheres no mercado dos motoristas de ônibus.
Réplica do prefeito
A equipe do A VOZ DA CIDADE ouviu o prefeito Jonas Marins (PCdoB) que discordou de todas as afirmações de Paulo Afonso. Para o prefeito, o aumento sugerido pelo SindPass é ‘injusto’ e ‘abusivo’. “Por mim, não seria dado aumento nenhum. Porém, por força de lei, tem que haver um reajuste anual, mas com critérios”, disse Jonas informando que existe o Conselho de Transporte que estuda a planilha e o próprio órgão reprovou o aumento. “As passagens em Barra Mansa nunca serão cobradas R$ 3,30. Hoje, reafirmo que não estou propenso a dar aumento nenhum. Estudo, no máximo, o reajuste da inflação”, advertiu. “E mais, o óleo subiu 6%, mas ele quer um aumento de 14%. É inviável. Temos que buscar um meio termo”, acrescentou.
Sobre a licitação, o chefe do executivo foi taxativo: “Não é só licitar. É mostrar um novo modelo de transporte público e as empresas têm que se preparar para esta licitação, até porque, além da ordem judicial, é um compromisso de campanha. Vou fazer o que o povo quer que seja feito”, explicou, dando exemplos de projetos que devem ser implantados no município para melhor viabilidade como o software Cittamob, que avisa sobre a localização dos coletivos – a exemplo do que foi implantado em Volta Redonda – e a readequação do Pátio de Manobras. “A gente reconhece a dificuldade de nossos transportes não atenderem à população no tempo hábil, mas temos estudado medidas para a melhoria. Trabalhamos, inclusive, com micro-ônibus para atender áreas de difícil acesso”.
O prefeito destacou ainda que Barra Mansa teve o menor índice de aumento de passagens, no seu governo e,  que vai conferir minuciosamente, os aumentos citados pelo presidente do SindPass. “Eles só me apresentam as despesas, mas o faturamento eu desconheço”, criticou. http://avozdacidade.com/site/noticias/economia/38132/