Hoje, vagas do ProUni são dirigidas apenas àqueles que não cursam uma instituição pública nem têm diploma universitário

Roberto Stuckert Filho/PR
Em 2013, Dilma comemorou as mais de 1 milhão de bolsas concedidas desde 2005
O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, localizado em Brasília, derrubou o veto do Ministério da Educação (MEC) que proibia a concessão de bolsa de estudo do Programa Universidade para Todos (ProUni) para estudante matriculado em instituição pública de ensino superior. A decisão, em segunda instância, já está válida. No entanto, a União - notificada da decisão nessa última semana -, ainda pode recorrer do resultado junto aos tribunais superiores (como o Superior Tribunal de Justiça ou o Superior Tribunal Federal).
A derrubada do veto se deu a partir de ação movida por um estudante de Teresina, no Piauí, Máx Jhonata da Silva. Ele já era aluno da graduação noturna em Direito na Universidade Federal do Piauí (UFPI) quando decidiu fazer Medicina em uma instituição particular, o Centro Universitário Uninovafapi, com sede na capital do Estado. Foi nessa instituição particular que ele pleiteou uma bolsa do ProUni e conseguiu o benefício.
Mesmo sendo a única parte favorecida com a sentença, a decisão judicial abre possibilidade para que outros universitários de instituições públicas entrem na justiça, e com a jurisprudência criada nesta ação, possam também ser autorizados a ganhar uma bolsa do ProUni e cursar uma universidade privada com até 100% de gratuidade.
Divulgação/Uninovafapi
Instalações no Piauí; Máx cursava o segundo ano de Medicina quando ingressou com ação
No caso em questão, Max já cursava o 3º período de Medicina quando foi notificado que deveria desistir da bolsa integral.
"Nós chegamos a cancelar a matrícula depois que recebemos orientações do ProUni [por meio de ofício do MEC], mas a justiça mandou que mantivéssemos [a matrícula]", diz o vice-reitor do Centro Universitário Uninovafapi, Francisco Antônio de Alencar.

Efeitos da decisão
Atualmente, considerando apenas a rede federal, existem mais de um milhão de universitários matriculados. Parte deles atende aos requisitos do ProUni - voltado, especialmente, a alunos de baixa renda - e tem interesse em cursar outros cursos simultâneos. O ProUni banca o curso completo ou concede bolsas parciais que arcam com 50% dos custos acadêmicos em instituições particulares de ensino.
Além disso, a decisão também pode favorecer estudantes que não conseguem passar nos vestibulares de cursos concorridos em universidades públicas, como Medicina ou Direito. Hoje, há alunos que fugindo da concorrência de Direito, acabam optando por cursos como História em uma instituição pública. Com a medida, o sonho de ser advogado pode ser possível por meio da concessão de uma bolsa do ProUni em um estabelecimento privado, ao mesmo tempo que o mesmo aluno cursa História em outro turno. 
Ao ampliar o alcance do programa para estudantes que já ingressaram no ensino superior, a medida se choca com o próprio objetivo do programa, que busca garantir o acesso para quem não conseguia entrar na faculdade. Hoje, menos de 20% dos jovens estão no ensino superior no País. E enquanto uns sequer têm acesso à universidade, outros conseguem preencher duas vagas.
Além disso, a medida pode comprometer a concorrência por vagas no ProUni. Só no 1º semestre deste ano houve mais de 1,2 milhão de inscritos para as 191 mil vagas oferecidas pelo programa. Ou seja, mais de um milhão de participantes ficaram de fora. Os dados aos quais o iG Educação teve acesso, são da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC):

Demanda X Oferta do ProUni

Criado em 2004 e institucionalizado em 2005, o Programa Universidade para Todos conta com adesão de 1.232 faculdades. Administração e Pedagogia são os cursos com mais formados.http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-07-15/justica-autoriza-aluno-de-universidade-publica-a-acumular-bolsa-do-prouni.html
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