A juventude é que mais está contaminada !
- Obervamos que entre esses novos pacientes a maioria tem faixa etária entre 20 a 29 anos. Essa idade prevalece porque é um grupo que tem vida sexual muito ativa, no entanto, que não se preocupa e não faz o uso da camisinha. Isso é um problema muito sério - comenta a coordenadora.
De acordo com Renata, como forma de prevenir uma maior propagação do vírus, o Ministério da Saúde publicou uma portaria há cerca de seis meses através da qual preconiza que todo paciente soropositivo inicie o terapia antirretroviral tão logo que descubra ser portador da doença. "Dessa forma é possível diminuir a carga viral no organismo e consequentemente uma maior transmissão, e assim também evitar que esse portador fique exposto às doenças oportunistas, uma vez que seu organismo está indefeso", explicou a coordenadora.
Segundo ela, entre essas doenças, é muito comum a tuberculose e a pneumosistose - um tipo de pneumonia que atinge portadores de HIV - além dos problemas neurológicos. Conforme alerta a coordenadora, iniciar o tratamento o mais rápido possível ajuda a prevenir esse tipo de complicação. "Assim que é diagnosticado o paciente é avaliado pela equipe e partir daí, inicia o tratamento com a medicação", informou Renata.
Hoje, segundo ela, o programa conta com três médicos, psicólogo, uma enfermeira, duas técnicas de enfermagem, uma nutricionista e uma assistente social. A equipe foi ampliada recentemente tendo como principal objetivo alcançar maior adesão dos pacientes. Outro recente investimento feito no setor foi a implantação do teste rápido de diagnóstico, através do qual é possível confirmar o vírus no organismo de um paciente em até trinta minutos.
- Esse teste é muito importante para casos de violência sexual ou em situações em que a pessoa descobre que o companheiro ou companheira são soropositivos, e tem urgência em fazer o teste, e também é muito válido para quem se expôs a algum tipo de relação sexual de risco. Um diagnóstico rápido evita uma maior transmissão do vírus e faz com que o paciente inicie seu tratamento o quanto antes - afirmou a coordenadora, ao acrescentar que o teste é disponibilizado em campanhas de mobilização e prevenção.
Aids entre idosos
De acordo com o médico do programa, Alberto Aldat, uma situação preocupante e alarmante é o fato da Aids também estar avançando sobre um público fisicamente fragilizado: os idosos. Em Barra Mansa, do total de pacientes assistidos, 20% são pessoas com idade acima de 50 anos. Segundo Aldet, esses números estão relacionados diretamente ao avanço e ao uso dos medicamentos para disfunção erétil, assim como a mudanças de comportamento que também alteraram a vida sexual dos idosos.
- A maior incidência de casos de Aids está entre pessoas com idades de 20 a 50 anos, no entanto a doença está crescendo de forma preocupante entre os idosos. Isso se deve a maior oferta de medicamentos para disfunção erétil, a melhor qualidade de vida dos idosos, que hoje estão vivendo mais, e também às inúmeras atividades sociais e de entretenimento que hoje são voltadas para o público da terceira idade. Hoje os idosos frequentam mais os bailes e festas, e nesses locais estão sujeitos a conhecerem parceiros, e se relacionarem em situações de risco - ressalta o médico.
Segundo ele, a situação se torna ainda mais agravante pelo fato desse público não ter a cultura do uso da camisinha, o que dificulta a prevenção à doença. Na maioria dos casos, a resistência ao uso do preservativo se deve ao fato dos homens terem receio de que a camisinha atrapalhe o desempenho sexual. Já por parte das mulheres o uso do preservativo não se torna uma preocupação pelo fato de associarem seu uso a prevenção de gravidez, o que para elas é descartado por já não estarem mais em idade fértil.
- Se conscientizar os jovens sobre a importância do uso da camisinha já é difícil entre eles, com o público idoso se torna ainda mais complicado por diversas questões culturais. Mas não podemos desistir, e é preciso informá-lo e à medida que aumentam suas atividades sexuais, conscientizá-los de que a Aids não escolhe idade e que a única forma de preveni-la é usando a camisinha - destacou o coordenador.
Programa assiste pacientes há mais de uma década
Conforme recorda o médico Alberto Aldat, ainda que sejam mais recentes as notificações de casos confirmados entre idosos, o programa tem pacientes que já vêm sendo atendidos há mais de uma década. Conforme explica Aldet, uma vez que o vírus é descoberto e o paciente logo dá início ao tratamento com os coquetéis distribuídos pelo município, suas chances de manter uma vida normal são imensas.
- Tenho uma paciente acima de 50 anos em ótimas condições, que há doze anos é acompanhada pela nossa equipe. Isso ocorre porque ela aceitou a doença, faz uso correto dos medicamentos e busca praticar atividades saudáveis que contribuem com a melhora do seu sistema imunológico e a qualidade de vida enquanto portadora de HIV - informa o médico, ao acrescentar que entre essas atividades estão incluídos exercícios físicos e alimentação saudável.
De acordo com Aldet, a atenção com portadores de HIV na terceira idade deve ser redobrada, uma vez que o risco de óbito entre esses pacientes se torna ainda maior pela pré-disposição para doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. Ao ser contraído, o HIV destrói o vírus de defesa do organismo, apresentando também doenças do sistema digestivo e neurológico, além de doenças do pulmão.
- Muitos descobrem quando já estão internados na Santa Casa com um quadro de uma dessas doenças que citamos. Os outros tipos de descoberta ocorrem por meio de exames solicitados pela própria pessoa que manteve uma relação sexual de risco, através de encaminhamentos dos postos de saúde e também do Hospital da Mulher - esclareceu o médico.http://www.diariodovale.com.br/noticias/0,91569,Barra-Mansa-registra-vinte-e-tres-novos-casos-de-Aids.html?utm_source=social+midia&utm_medium=facebook&utm_campaign=cidade#ixzz367UqYXyT