Símbolo de luta será renovado em Volta Redonda
Metalúrgicos pedem reforma sem descaracterizar Memorial 9 de Novembro
Rio - Símbolo da luta dos trabalhadores, o
Memorial 9 de Novembro — inaugurado em 1º de maio de 1989 e derrubado
por bomba de alto potencial na madrugada do dia seguinte em Volta
Redonda, no Sul Fluminense — passará por intervenções. A pedido dos
metalúrgicos, o monumento, reerguido em agosto do mesmo ano e que ainda
guarda as marcas da violência, não será descaracterizado. Mas o piso,
que ganhou polêmicos ladrilhos vermelhos e brancos da prefeitura em
2010, serão trocados.
Na mesma Praça Juarez Antunes será
construído o Centro de Memória Sindical Dom Waldyr Calheiros, museu com a
trajetória dos metalúrgicos da CSN, e em homenagem ao bispo que sempre
esteve ao lado dos trabalhadores, morto ano passado, e aos operários
William Fernandes Leite, Valmir Freitas Monteiro e Carlos Augusto
Barroso, assassinados pelo Exército na histórica greve de 1988. Os três
metalúrgicos deram origem ao memorial. As duas obras serão conduzidas
pelo arquiteto Paulo Sérgio Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, que
projetou o memorial e morreu em 2012.
Recentemente, Paulo Sérgio esteve em
Volta Redonda, onde conversou sobre os novos projetos com o presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares. Na
época, ao visitar o memorial, o arquiteto se emocionou. “Meu bisavô
tinha orgulho de ter deixado a marca da explosão no monumento. Sinto a
presença dele aqui”, afirmou.
Para Soares, as características do memorial,
cuja destruição foi atribuída a militares do Exército, têm que ser
mantidas “para que gerações futuras vejam o que acontece quando se perde
a democracia.” Depois de reerguida a obra, Oscar Niemeyer pediu que
fosse instalada uma placa na estrutura com os dizeres ‘Nada, nem a bomba
que destruiu este monumento, poderá deter os que lutam pela justiça e
liberdade’. “As marcas mostram que nós, trabalhadores, podemos ser
derrubados, mas sempre iremos nos reerguer”, diz Soares.
"Aquele lugar é sagrado”
A manutenção das caracaterísticas originais do
Memorial 9 de novembro agrada os metalúrgicos. “Ladrilhos coloridos são
um sacrilégio. Aquele lugar é sagrado para nós. Não pode ser mexido”,
defende o ex-metalúrgico Edir de Souza, de 67 anos.
“Infelizmente, tem gente que ainda
tenta apagar nossa memória de luta e resistência. O memorial tem que
guardar seus traços de origem”, defende o também ex-metalúrgico Evaldo
Pontes, 63http://odia.ig.com.br/odiaestado/2014-04-30/simbolo-de-luta-sera-renovado-em-volta-redonda.html