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Símbolo de luta será renovado em Volta Redonda

Símbolo de luta será renovado em Volta Redonda

Metalúrgicos pedem reforma sem descaracterizar Memorial 9 de Novembro

Francisco Edson Alves
Rio - Símbolo da luta dos trabalhadores, o Memorial 9 de Novembro — inaugurado em 1º de maio de 1989 e derrubado por bomba de alto potencial na madrugada do dia seguinte em Volta Redonda, no Sul Fluminense — passará por intervenções. A pedido dos metalúrgicos, o monumento, reerguido em agosto do mesmo ano e que ainda guarda as marcas da violência, não será descaracterizado. Mas o piso, que ganhou polêmicos ladrilhos vermelhos e brancos da prefeitura em 2010, serão trocados.
Na mesma Praça Juarez Antunes será construído o Centro de Memória Sindical Dom Waldyr Calheiros, museu com a trajetória dos metalúrgicos da CSN, e em homenagem ao bispo que sempre esteve ao lado dos trabalhadores, morto ano passado, e aos operários William Fernandes Leite, Valmir Freitas Monteiro e Carlos Augusto Barroso, assassinados pelo Exército na histórica greve de 1988. Os três metalúrgicos deram origem ao memorial. As duas obras serão conduzidas pelo arquiteto Paulo Sérgio Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, que projetou o memorial e morreu em 2012.
Na reforma de 2010, ladrilhos brancos e vermelhos colocados pela prefeitura não agradaram os metalúrgicos, principalmente os mais velhos
Foto:  Fabiana Longo / Sindmetal
Recentemente, Paulo Sérgio esteve em Volta Redonda, onde conversou sobre os novos projetos com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares. Na época, ao visitar o memorial, o arquiteto se emocionou. “Meu bisavô tinha orgulho de ter deixado a marca da explosão no monumento. Sinto a presença dele aqui”, afirmou.
Para Soares, as características do memorial, cuja destruição foi atribuída a militares do Exército, têm que ser mantidas “para que gerações futuras vejam o que acontece quando se perde a democracia.” Depois de reerguida a obra, Oscar Niemeyer pediu que fosse instalada uma placa na estrutura com os dizeres ‘Nada, nem a bomba que destruiu este monumento, poderá deter os que lutam pela justiça e liberdade’. “As marcas mostram que nós, trabalhadores, podemos ser derrubados, mas sempre iremos nos reerguer”, diz Soares.
"Aquele lugar é sagrado”
A manutenção das caracaterísticas originais do Memorial 9 de novembro agrada os metalúrgicos. “Ladrilhos coloridos são um sacrilégio. Aquele lugar é sagrado para nós. Não pode ser mexido”, defende o ex-metalúrgico Edir de Souza, de 67 anos.
Em 1989, militares explodiram memorial, no dia seguinte à inauguração
Foto:  Agência O Dia
“Infelizmente, tem gente que ainda tenta apagar nossa memória de luta e resistência. O memorial tem que guardar seus traços de origem”, defende o também ex-metalúrgico Evaldo Pontes, 63http://odia.ig.com.br/odiaestado/2014-04-30/simbolo-de-luta-sera-renovado-em-volta-redonda.html