Conversar. Essa atitude é unanimidade entre os especialistas em
comportamento adolescente ao serem questionados sobre como os pais devem
reagir quando os filhos se relacionam com pessoas mais velhas.
Outro pensamento compartilhado pelos especialistas ouvidos pelo UOL Gravidez e Filhos é a ineficácia da proibição por si só, afinal os adolescentes, geralmente, estão preparados para contestar.
A psicóloga Mônica Bühler, especialista em psicologia clínica, explica
que os adolescentes são imediatistas e podem recorrer ao relacionamento
com uma pessoa mais velha como forma de agredir e desafiar os pais ou
até por carência e transferência de afeto. Mônica enfatiza que proibir
essa relação é a pior forma de lidar com ela. "Quando o jovem ouve um
não, ele tem sua vontade aguçada", afirma.
Para Caio Feijó, mestre em psicologia da infância e da adolescência, a
diferença de idade nos namoros adolescentes não deve ser tratada como um
problema, já que, hoje em dia, o que define a maturidade não é mais a
faixa etária e sim o desenvolvimento psicossocial.
"Um jovem com 16, 17 anos pode ter a cabeça superequilibrada e atrair
uma pessoa mais velha por isso", diz Feijó. "Também acontece o inverso,
de haver pessoas de 28 anos com um comportamento infantilizado",
completa. O psicólogo acrescenta que, socialmente, essas ligações
enfrentam muitas críticas e a psicologia não tem uma resposta exata se
podem ser saudáveis ou não.
A questão principal que envolve a relação entre pais e filhos
adolescentes está no diálogo. É preciso ser presente e se envolver com a
vida do jovem para conseguir lidar com o relacionamento dele.
De acordo com Sandra Vasques, psicóloga e educadora do Instituto
Kaplan, organização não governamental de estudos sobre a sexualidade
humana, quando não existe essa relação de cumplicidade entre pais e
filho tudo se complica, porque, no momento em que o adulto questionar o
relacionamento do jovem, este verá a conversa como uma cobrança.
"Os pais têm de conversar diariamente e se interessar pelos assuntos
dos filhos", diz Sandra, que reforça a necessidade de se dar
responsabilidades aos jovens, assim como deixar que eles percebam as
consequências de seus atos. "A comunicação tem de ser sempre positiva e
os pais não devem reprovar o romance de cara, e sim procurar entender
como o jovem se sente com aquele relacionamento", afirma Sandra.
Estar por perto e conhecer os ambientes frequentados pelo adolescente e
seus amigos também são atitudes necessárias para um relacionamento
saudável entre pais e filhos. Trazer as pessoas que convivem com o jovem
para dentro de casa permite aos adultos observar melhor a relação.
Caio Feijó afirma que é fácil para aqueles pais que têm o hábito de
supervisionar o que acontece no dia a dia do filho perceber se o namoro
está influenciando negativamente na vida do jovem. "Vários sinais
indicam se há uma mudança negativa, como começar a beber e a fumar e o
desinteresse pelas coisas da família."
Para esclarecer definitivamente qualquer inquietação que um
relacionamento porventura cause, a melhor tática é conhecer a família do
namorado ou namorada do adolescente. "Marcar um almoço para reunir as
famílias é uma boa ideia para observar a dinâmica familiar dessa pessoa,
trocar informações e com isso saber se o jovem quer mesmo ir adiante
com o relacionamento", finaliza o psicólogo.http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2013/05/31/como-agir-se-seu-filho-adolescente-namorar-uma-pessoa-mais-velha.htm