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Boa tarde,
Encaminho em anexo o artigo Educação – Uma Questão de Gerência,
do Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro -
CRA-RJ, Adm. Wagner Siqueira, que reflete sobre a falta de gerência
educacional. De acordo com o autor, a causa do problema do ensino no
Brasil não está nos professores, nem nos alunos, e sim nos diretores das
entidades. Sem dúvida, um dos caminhos mais promissores para o
aperfeiçoamento da educação em nosso país está na capacitação das
gerências educacionais para resolverem problemas de desenvolvimento
organizacional do Sistema como um todo e de suas partes componentes.
Segue em anexo a íntegra do artigo para análise.
Agradeço.
Educação: Uma questão
de gerência
Dentre as inúmeras abordagens que
visam a diagnosticar as deficiências do desempenho do Sistema Educacional
Brasileiro, duas merecem destaque. Uma é a posição dos que atribuem à atuação
dos professores as responsabilidades pelas falhas do Sistema de Ensino. Nessa
posição, os diagnósticos sugerem desde a incompetência até a falência ética. Outra
posição, que muitos professores ainda adotam, é a dos que atribuem aos alunos,
embora "perdoando-os" como vítimas da sociedade moderna, o ensino
deficiente que acabaram recebendo na escola. Pouca ênfase se dá ao diagnóstico
que destaca uma dimensão decisiva, que exerce profunda influência sobre o
desempenho do sistema: a gerência educacional.
De fato, a polarização do
problema no Corpo Docente ou no Corpo Discente é equivocada porque a causa mais
determinante não está no aluno, nem tampouco no professor. Em última análise,
tanto um quanto o outro estão ligados por um mesmo vínculo: ambos subordinados
a uma autoridade superior comum, o diretor da entidade educacional. À medida
que o desempenho deste for ineficaz, o desempenho dos professores será
correspondentemente afetado e, por consequência, o dos alunos também.
Na realidade, o estudo e o
equacionamento do problema hão de partir da pergunta: sobre quais
características da "Gestão Educacional" é preciso intervir? A análise
de determinados indicadores poderá facilitar um diagnóstico preliminar e uma
primeira resposta à questão.
O erro mais comum é o dirigente
conservar como chefe, supervisor, diretor, dono da escola, a mesma percepção de
eficiência que tinha como professor. Assim, o professor que preparava mais
aulas e que se preocupava em ministrá-las magistralmente "transfere"
para a função de gestão essa noção de eficiência, enfatizando seu papel como
orientador e supervisor de currículos e programas. O mesmo se verifica com a
sua percepção de eficácia. Esta, antes alcançada pelo professor que conseguia
dos seus alunos exames "brilhantes", passa a se concretizar na
manutenção dos mesmos roteiros de aula "eficazes" pela sua
infalibilidade consagrada ano após ano.
Os atuais dirigentes educacionais
normalmente restringem-se à direção acadêmica de sua gestão, e não à direção
executiva. Grande parte deles é proveniente do magistério, ou seja, por terem
se destacado como professores são "promovidos" a diretores, o que
distorce a maneira como eles mesmos encaram a realidade de um novo papel para o
qual não foram preparados. Por outro lado, é possível que até mesmo a própria
formação acadêmica em Pedagogia não atenda adequadamente à área de gestão de
entidades educacionais, deixando de enfocar aspectos críticos da gestão para
fixar-se em detalhes de mera manutenção de rotinas de apoio administrativo.
Sem dúvida, um dos caminhos mais
promissores para o aperfeiçoamento da educação em nosso país está em capacitar
as gerências educacionais para resolverem problemas de desenvolvimento
organizacional do Sistema como um todo e de suas partes componentes.
Adm. Wagner Siqueira
Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de
Janeiro – CRA-RJ Nº 01-02903-7