A reportagem é da Agência Brasil. De acordo com o levantamento, 638
mil crianças entre 5 e 14 anos estão nessa situação, apesar de a
legislação brasileira proibir o trabalho para menores de 16 anos. O
grupo representa 1,3% da população nessa faixa etária, mas para o fundo
não pode ser desconsiderado porque o trabalho infantil é uma “causa
significativa” do abandono escolar. O estudo é uma parceria do Unicef
com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Segundo o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação,
César Callegari, o estudo do Unicef traz uma fotografia importante dos
desafios que o Brasil tem pela frente: garantir a educação para todas as
crianças e jovens brasileiros, incluindo não só essa parcela da
população, mas favorecendo sua permanência na escola.
Ele ressaltou, no entanto, que o país conquistou avanços
significativos principalmente na útlima década. "Se olharmos não apenas a
fotografia, mas o filme dos últimos anos, veremos que o Brasil
conseguiu incluir nos últimos 12 anos mais de 5 milhões de crianças e
jovens que estavam fora da escola. Tínhamos 8,7 milhões, entre 4 e 17
anos, nessa situação em 1997 e agora são 3,69 milhões", disse Callegari.
Trabalho infantil é barreira
A coordenadora do Programa de Educação do Unicef no Brasil, Maria de
Salete Silva, acredita que o momento econômico que o Brasil vive tem
feito crescer o número de meninos e meninas responsáveis pelas tarefas
do lar.
Para ela, uma das principais barreiras para superar essas práticas é
cultural, pois em muitas famílias, o trabalho desde a infância é
considerado normal. A questão socioeconômica também tem grande peso no
ingresso precoce no mercado de trabalho.
O relatório mostra que mais de 40% das crianças de 6 a 10 anos, de
famílias com renda familiar per capita até um quarto de salário mínimo,
trabalham. Esse percentual cai para 1,2% no grupo de famílias com renda
superior a dois salários mínimos por pessoa.
Do total de crianças de 5 a 14 anos que trabalham, 93% estudam. O
relatório mostra o trabalho infantil como uma grande barreira tanto para
as crianças que estão fora do sistema de ensino, quanto para aquelas
que frequentam a escola.
Mesmo quem está regularmente matriculado terá o desempenho escolar
prejudicado pelas outras tarefas que desempenha. “Essa questão interfere
de fato na qualidade do ensino, já que a criança que trabalha tem menos
condição de aprendizagem porque fica cansada e desatenta. E se ela não
está na escola, dificilmente vai largar o trabalho para estudar”,
ressalta Salete.
De acordo com o relatório, 375.177 crianças na faixa de 6 a 10 anos
estão fora da escola – o que corresponde a 2,3% do total dessa faixa
etária. Dessas, 3.453 trabalham e, nesse grupo, a maioria é negra (93%).
O número de crianças de 11 a 14 anos que só trabalham é cerca de 20 vezes maior que na faixa anterior: 68.289.http://www.tribunadabahia.com.br/2012/09/01/pais-tem-3-7-milhoes-de-jovens-fora-da-escola-aponta-unicef