“Não nos intimidaremos. Pelo contrário, ampliaremos nossa luta pela
democratização da mídia, por uma educação para todos e por um Brasil
mais justo”, afirma a nota
Não nos causa espanto o ataque arquitetado por parte da imprensa
conservadora contra a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o conjunto
dos movimentos sociais. Primeiro, foi a revista Veja. Agora, é pelas
páginas do jornal O Globo que a microfonia da mídia golpista tenta nos
atingir. A UNE é alvo porque participa da luta democrática para romper o
monopólio que meia dúzia de famílias exerce sobre a comunicação no
Brasil. A UNE está na mira porque demonstra a necessidade de imediata
regulação das responsabilidades dos meios de comunicação.
É importante deixar claro, em respeito a todos os que acompanham a nossa
trajetória de 75 anos de vida, que a UNE não cometeu irregularidades e
não é alvo de investigações de nenhum tribunal de contas. Se, o pedido
de investigação feito pelo procurador do ministério público junto ao TCU
apontar qualquer equívoco em nossa prestação de contas, – não há provas
de que tenha ocorrido- será fruto de imperícia técnica, mas nunca de má
fé.
Sobre um ponto da matéria publicada nesta sexta-feira, dia 8 de junho,
pelo jornal O Globo, cobramos responsabilidade na veiculação e análise
das informações e esclarecemos que a compra de alguns itens de vestuário
foram feitas para a construção de instalações (artes visuais) e para o
figurino de peças de teatro, atividades da Bienal da UNE, o maior
festival estudantil da América Latina.
Sobre a compra de bebidas alcóolicas é necessário esclarecer que os
valores referentes a estes itens constavam em algumas notas fiscais, mas
não foram contabilizados como parte dos gastos com o dinheiro público.
Ou seja, a UNE não usou dinheiro público para pagar esses itens. A
montagem de camarins e uma intervenção artística sobre a religiosidade
afro-brasileira no qual se utilizava cachaça, búzios e velas foram
comprada com o dinheiro privado da entidade.
Quanto a existência de notas fiscais supostamente irregulares, a UNE
esclarece que o processo de contratação foi feito via pregão eletrônico,
por meio da empresa “Terceiro Pregão”, especializada em licitações para
o terceiro setor. A UNE cumpriu a sua parte contratual. Caso tenha
ocorrido qualquer irregularidade por parte das empresas contratadas, a
UNE apoia a investigação do ocorrido e a adoção de medidas legais
cabíveis.
A União Nacional dos Estudantes participa das políticas de financiamento
público a atividades culturais, esportivas e educacionais desde 1999,
sempre cumprindo todas as exigências técnicas de seus convênios. Parte
das nossas prestações de contas já estão aprovadas, sendo que algumas se
encontram ainda em análise pelos órgãos responsáveis. A UNE reafirma
seu compromisso de zelo com os recursos públicos e, se comprovado
qualquer tipo de imperícia técnica em qualquer prestação de contas,
compromete-se a saná-las de acordo com o que lei determina, inclusive,
se for o caso, com a devolução de recursos. Dessa forma, a UNE reafirma
também o seu compromisso com o Erário, honrando seus 75 anos de vida.
Infelizmente, para as poucas famílias que exercem o monopólio da
comunicação no Brasil, ser verdade ou não é apenas um detalhe. O que
importa, para eles, é a versão, sempre comprometida com os interesses
das elites dominantes. A UNE já enfrentou batalhas piores contra estes
mesmos personagens, por exemplo, durante a ditadura civil-militar.
Esperamos que a Comissão da Verdade revele os responsáveis destas
empresas pela cooperação com a tortura, o assassinato e outros crimes
bárbaros cometidos pelo regime de exceção, assim como a luta contra a
corrupção no Brasil revele as relações mantidas entre corruptores, como o
bicheiro Carlinhos Cachoeira e os donos destas mesmas empresas.
Como não nos intimidamos no passado, não nos intimidaremos agora. Pelo
contrário, ampliaremos nossa luta pela democratização da mídia, por uma
educação para todos e por um Brasil mais justo.