De alguns anos para cá é inegável admitir que a liberdade sexual passou a ser um assunto discutido com maior desembaraço. O homossexualismo, por sua vez, ainda enfrenta muito preconceito, mas não há como se negar que muito já se avançou. O avanço, inclusive, chega a setores de serviços que, diante do público potencialmente comprador, comemora os lucros. Esse é o caso de motéis, até mesmo os da região Sul Fluminense.
A divisa de Volta Redonda com Barra do Piraí é regionalmente conhecida pela quantidade e variedade de motéis que oferece, e também neste segmento o público homossexual se coloca como representativo para os negócios.
De acordo com o gerente de um dos motéis daquela região, Robson Ribeiro do Amaral, hoje o público homossexual já representa 20% dos frequentadores dos estabelecimentos, e essa estatística vem crescendo a cada ano. No ano passado, por exemplo, a procura deu um salto em relação aos anos anteriores.
- O que percebemos era que, pelo próprio preconceito, poucos eram os casais que se "arriscavam" a frequentar estabelecimentos como os motéis. Alguns tinham medo de sofrerem preconceito mas, com a disseminação das leis e a consciência maior das pessoas, essa realidade vem mudando a cada ano - explicou.
Segundo o gerente, é possível dizer que os últimos dez anos foram representativos no aumento desse público nos motéis. Para Amaral, hoje os casais se sentem mais amparados até judicialmente para viverem suas vidas como as demais pessoas.
- De uma década para cá os casais homossexuais que frequentam o nosso estabelecimento aumentaram muito. Isso vale tanto para casais compostos somente por mulheres como os compostos somente por homens. Claro que a discrição é um incentivador, mas a própria sociedade vem mudando - avalia.
Para o gerente, o tratamento com esse público também é um incentivador para procura crescente por parte deles pelos motéis.
- Se existia receio, hoje ele não existe mais. Apesar de serem pessoas discretas e, no geral, muito sérias, gostam do que é bom. São consumidores de alto padrão e os que mais consomem. Independente de suas condições financeiras, são tratados como clientes e respeitados como os demais. Não há nenhuma diferenciação no tratamento que recebem e isso, claro, os agrada - explica.
O aumento da procura pelos serviços de motéis também foi percebido por Guilherme da Silva Pereira. Ele - que gerencia um chalé motel - garante que o número de casais homossexuais vem aumentando entre os clientes frequentadores.
- Apesar de termos pouco contato visual com os clientes, até mesmo pela característica do serviço que oferecemos, é nítido o aumento desse público. E isso não nos incomoda: ao contrário, os tratamos como o que realmente são: clientes muitíssimos bem recebidos - afirmou.
Tratamento em motéis é elogiado por casais homossexuais
Se os estabelecimentos estão abertos para o público, os casais reconhecem o atendimento discreto e de respeito. Para Natália - que é assumidamente homossexual e que frequenta motéis há alguns anos -, a região não deve em nada quando se fala em tratamento discreto e receptivo aos casais homossexuais pelos motéis.
Fonte:Diário do Vale