Uma batalha judicial está tirando o sono de famílias que tentam vaga no Colégio de Aplicação (CAp) da Uerj. Uma briga de liminares, que já havia adiado em mais de um mês a matrícula para o 1º ano do Ensino Fundamental — do dia 5 de janeiro para 15 deste mês — pode agora cancelar o novo sorteio de vagas realizado ontem. O primeiro, que aconteceu em novembro do ano passado, foi anulado pela Justiça por irregularidades na forma de seleção.
O sorteio de ontem atrasou duas horas e quase foi cancelado devido a um mandado de segurança. Pais de alunos beneficiados no primeiro processo esperavam o documento para impedir nova seleção, mas ele só foi enviado à noite para a universidade. Até o momento, segundo a Uerj, o processo seletivo continua valendo.

“Fomos informados pela manhã de que um mandato tinha chegado, mas o documento não nos intimava a interromper o sorteio. A Uerj realizou um novo processo seletivo, mas se ele vai valer ou não depende de decisões judiciais”, explicou Marcelo dos Santos, advogado da Uerj, antes de receber a nova liminar.

O primeiro sorteio foi cancelado porque os 3.086 candidatos não teriam igualdade de condições na disputa por 30 vagas. Na ocasião, a seleção usou quatro globos com bolas numeradas, representando milhar, centena, dezena e unidade. Quando a milhar era zero, 1 ou 2, cada aluno do grupo tinha uma chance em 999. Mas quando a milhar 3 era sorteada, os estudantes disputavam vaga com apenas 85 pessoas e tinham dez vezes mais chances de ser beneficiados do que os demais.

Pais correm em busca de outras opções

Com os filhos beneficiados no primeiro sorteio do CAp Uerj, muitos pais não fizeram matrícula em outras escolas da rede pública. Agora, eles precisarão correr contra o tempo para colocar as crianças em colégios particulares e procurar vaga em veículos de transporte escolar.

“A gente criou uma expectativa muito grande. Estamos há 40 dias sem dormir por causa de um erro da universidade. Agora, as 30 crianças sorteadas no primeiro processo estão sem escola e sem transporte”, reclama a professora Magna Brandão, 35 anos, mãe de Eduardo Albino de Assis, 6, que não teve a mesma sorte no novo sorteio.
Fonte:O Dia