Um dos temas centrais do movimento social atualmente, a luta pelo investimento social dos recursos do pré-sal, foi a pauta central de um dos mais concorridos debates do CONEB da UNE na UFRJ. O encontro contou com as presenças do coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Moraes, do presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, do diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, e do representante da Petrobras, Sidney Granja.
Na conversa, falou-se sobre o modelo atual de exploração do petróleo e os benefícios da mudança para o regime de partilha – que será adotado com o óleo proveniente do pré-sal- e ainda transformações sociais possíveis em nosso país com a chegada dessa riqueza.
A proposta das entidades estudantis de se investir 50% dos recursos do fundo social do pré-sal na educação foi apontada por Emanuel Cancella como um “grande êxito do movimento estudantil”. O diretor do Sindipetro declarou que a descoberta do pré-sal foi um marco para a economia e são os seus recursos que darão as condições de garantir educação e saúde de qualidade, além de permiti a realização de políticas públicas de moradia e de segurança publica mais eficientes. Além disso, é o dinheiro do pré-sal que possibilitará o investimento em energias limpas, já que trata-se de uma fonte energética finita.
Petróleo, meio ambiente e educação
O petróleo é hoje responsável por 95% de tudo o que se vê. “É, seguramente, fonte de matérias primas de quase todos os objetos existentes”, observou João Moraes. Bastante didático, o coordenador da FUP procurou explicar a relevância do petróleo no mundo contemporâneo, lembrando que ele será ainda a principal matriz energética nos próximos 50 anos. “Temos que valorizar essa riqueza, para não acontecer o que houve na época do pau-brasil, do qual restou apenas o nome”.
O investimento dos recursos do petróleo em novas tecnologias para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia também foi defendido pelos estudantes em suas intervenções. “É preciso reconhecer que a descoberta do pré-sal só foi possível graças ao aumento do investimento em ciência e tecnologia”, apontou a presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Virginia Barros. “Os recursos deverão ser usados para uma revolução pedagógica nas escolas e universidades”, opinou outro estudante na plenária.
A escassez de mão de obra qualificada foi apontada pelo presidente da Aepet como um ponto alarmante que merece atenção da UNE e da UBES. “A Petrobras tem que agir para formar futuros profissionais, assim como o sistema “S” que deixou de cumprir seu papel”, criticou. O sistema “S” engloba o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Social da Indústria (Sesi), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Social do Comércio (Sesc).
Por fim, ficou claro que o pré-sal abrirá uma janela de oportunidades, que precisa ser aproveitada. “A polização do debate é essencial. Os estudantes têm que vestir a camisa e participar com os movimentos sociais dessa luta”, disse Sidney Granja.