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Preconceito racial pode ter provocado prisão de jovem

O jovem Juliano *, 17, morador do bairro Nova Primavera, em Volta Redonda, é conhecido por amigos e vizinhos por sua boa índole. Há três anos, integra a Ong ‘Amigos na Cultura’ e é monitor de um projeto cultural desde o ano passado. Ele poderia, assim como tantos outros, ter curtido a programação alusiva ao ‘Dia da Consciência Negra’, comemorado no último sábado, 21 de novembro. Não foi o que fez. Na verdade, Juliano passou boa parte do dia – das 10 às 14 horas – na 93ª Delegacia de Polícia de Volta Redonda, tentando provar que não era o proprietário de 165 sacolés de cocaína que foram encontrados pela Polícia Militar próximo ao local onde estava. Juliano é negro. Na manhã daquele sábado, estava acompanhado por seu irmão, de 10 anos. Juntos, caminhavam em direção ao quintal de sua casa, onde fariam uma capina. Ao mesmo tempo, policiais militares faziam um patrulhamento rotineiro pelo bairro. Os policiais decidiram ir para a Rua B. Juliano, segundo o depoimento que deu a policiais da 93ª DP, foi abordado pelos PMs, que queriam saber quem ele era, onde morava e o que estava fazendo ali. Juliano teria respondido a todas as perguntas que lhe foram feitas. Os policiais, então, teriam dado início a uma busca nas proximidades de onde o jovem estava. A cerca de cinco metros de Juliano, os PMs encontraram os sacolés de cocaína. Os policiais desconfiaram do rapaz. E perguntaram se encontrariam algum material ilícito na casa de Juliano caso efetuassem uma busca. O adolescente, então, respondeu que não. Mas esclareceu que alguns rapazes da rua passavam por um atalho criado no quintal de sua casa para terem acesso à rua de baixo. Por isso, afirmou, havia a possibilidade de que os policiais encontrassem alguma coisa próximo a este atalho, supostamente utilizado por pessoas ligadas ao tráfico de drogas. Foi o que aconteceu. Perto da escada que dá acesso à casa de Juliano, os policiais encontraram uma mudinha de maconha. O jovem foi conduzido à 93ª DP, prestou depoimento e foi liberado – estas são as informações oficiais.Mas quem assistiu ao episódio garante que não foi bem assim. De acordo com um dos amigos do rapaz, que não quis se identificar, Juliano teria sido ‘sentenciado’ por um dos policiais militares como proprietário das drogas encontradas. “O Juliano estava passando longe de onde estavam as drogas”, frisou, acrescentando que o adolescente, para provar que aqueles pacotes não lhe pertenciam, disse aos PMs que, se desejassem, poderiam até revistar sua casa.

Fonte:Jornal Aqui