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Aids em Barra Mansa-RJ

Alerta foi dado pelo gerente do programa de DSTS no município, Dr Alberto Aldet; apesar de toda a eficácia do coquetel contra o vírus, prevenção ainda é a palavra de ordem

Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em novembro de 2009 mostrou que o número dos casos de Aids no país vem diminuindo nos grandes centros urbanos, mas cresceu nas cidades do interior. Segundo os dados do estudo, de 1997 a 2007, a taxa de incidência da doença aumentou nos municípios com menos de 50 mil habitantes. Nas grandes cidades, onde estão concentrados 52% dos casos de Aids, foi registrada queda de 15% na taxa de incidência da doença entre 1997 e 2007. Nesse mesmo período, a incidência nos municípios com menos de 50 mil habitantes dobrou, revelando que a epidemia caminhou para o interior do País.

Em Barra Mansa, a doença também está presente, e de forma mais grave e frequente que se possa imaginar. Com aproximadamente 177 mil habitantes, a cidade apresenta 470 pessoas infectadas com o vírus HIV. Todavia, o número não apresenta de forma precisa a realidade da doença no município, já que muitas pessoas tem o vírus e não sabem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, para cada caso conhecido, há dez pessoas que não sabem que têm o vírus. Isso significa que, aproximadamente, existem 4700 pessoas contaminadas em Barra Mansa, o que representa 2,65% da população do município.

Para entender a real situação do município e tirar as principais dúvidas do leitor sobre tão importante tema, nossa reportagem conversou com o gerente do Programa de DST’S/Aids do município, Dr Alberto Aldet. O médico apresentou um quadro esclarecedor sobre os casos de aids na cidade, falou sobre os procedimentos tomados no acompanhamento dos soropositivos e alertou a população sobre a necessidade da prevenção permanente.



FolhadoInterior: Dr, como está a situação da AIDS em Barra Mansa?

Dr Alberto: O números de casos da doença cresce em nível mundial, já que a iniciação sexual dos jovens se dá cada vez mais precocemente. Em Barra Mansa, registramos um aumento considerável no número de casos de aids nos últimos anos. Atualmente, a cidade possui 470 pessoas com o vírus. São 270 homens e 200 mulheres. Esses pacientes fazem parte dos casos que são conhecidos e acompanhados pela Secretaria de Saúde, porém temos a certeza de que muitas pessoas têm o vírus, mas não sabem e nem recebem tratamento adequado, fator que nos causa grande preocupação.



FolhadoInterior: Qual a média de idade dos portadores da doença? Em que faixa etária a doença tem avançado?

Dr Alberto: O vírus atinge pessoas de todas as idades, todos que fizerem sexo sem camisinha estão propensos a serem infectados. Entretanto a maior incidência da doença aparece nos homens e mulheres entre 25 e 55 anos. Há também pacientes infectados na terceira idade, número que representa 15% do total registrado.



FolhadoInterior: Desde a implantação do Protocolo para Prevenção de Transmissão Vertical de Mães para Filhos, do Ministério da Saúde, em 1998, a cidade teve um índice zero de transmissão da doença entre grávidas e recém nascidos. A que se deve o resultado positivo?

Dr Alberto: Nos últimos anos e ainda hoje, o município consegue manter um índice zero de transmissão de Aids entre gestantes soropositivo para seus filhos recém nascidos. Em Mansa, todas as gestantes realizam o exame de HIV durante o pré-natal. Já salvamos a vida de mais de 60 crianças desde 1999. O acompanhamento do bebê de um soropositivo é feito por um período de 1 ano e 9 meses. Se, com quase dois anos, os exames da criança não apresentarem a carga viral positiva, ela é considerada livre do vírus.



FolhadoInterior: Quais são os principais direitos do soropositivo?

Dr Alberto: Além de não ser discriminado, o portador do vírus deve receber atendimento, tratamento e medicamento gratuitos, sigilo sobre a sua condição sorológica, queda da obrigatoriedade do exame de aids no teste admissional, permanecer no trabalho, valores do PIS/PASEP e FGTS, benefício de prestação continuada e a isenção do pagamento de IR.



FolhadoInterior: É possível o reencontro com a vida depois da Aids?

Dr Alberto: Sem dúvida nenhuma. Nos anos 80 era um drama, não tínhamos o que fazer. As doenças associadas matavam muito rápido. Com a chegada dos inibidores de protease, em 1996, que chamamos de coquetel, houve uma queda enorme na incidência de infecções oportunistas. Hoje, o soropositivo consegue manter uma alimentação normal, vida sexual, bom relacionamento pessoal e familiar, convívio social. Ser portador do vírus não pode ser motivo de desespero, e muitos soropositivos conseguem melhorar sua qualidade de vida após a descoberta da doença.



O Programa DST/Aids funciona na Secretaria de Saúde, localizada na Rua Pinto Ribeiro, Centro, próximo à Santa Casa. Informações podem ser obtidas pelo telefone: 3322-9192. O teste de HIV é totalmente gratuito e deve ser realizado na sede do Programa DST/Aids, na própria Secretaria de Saúde. O teste pode ser feito de segunda a sexta, de 07h às 08h. Não é necessário marcar o atendimento. Antes do exame, o interessado precisa estar em jejum e responder um questionário pré-teste.


Fonte:Folha do Interior